Pesquisar neste blogue

SOBRE MIM / ABOUT MY SELF / TENTANG DIRI SAYA / KONA-BA HA'U AN.

A minha foto
Díli, Díli, Timor-Leste
Olá..., Sou Paulo S. Martins, de Ainaro, sou eis seminarista do Seminário Maior de São Pedro e São Paulo Fatumeta, Díli, Timor-Leste (Eis Frater), licenciado em Direito pela Escola de Direito da Universidade do Minho, Braga-Portugal e sou mestre em Direito Tributária pela mesma escola. Atualmente sou jurista e assessor legal num instituto público em Díli. Ora, esta página criei em 2010 com intuito partilhar pouco conhecimento que eu tenho ao público em geral e aos que têm sempre sede de ciências e informações. Os conhecimentos e as informações que opto por publicar aqui sempre estão relacionados com direito, cultura, família e poemas. Aqui vai a minha página. Portanto, agradeço imenso pelos comentários e sugestões dados para melhorar esta página. Um grande abraço. Paulo Martins

segunda-feira, 29 de maio de 2017

O Barlaque

                                                         O BARLAQUE

O Barlaque é uma tradição existente em Timor-Leste desde os tempos antigos. A prática de Barlaque inicia-se no momento em que um homem e uma mulher chegam a um consenso para constituir uma nova família.

A fase inicial deste costume é sempre precedida por um encontro entre as famílias dos noivos chamado koñese-malu, que significa o encontro de conhecimento entre as famílias, e que, preferencialmente, deve ser realizado na casa da mulher.

Nesta primeira fase, dá-se uma troca de presentes. Os presentes que devem ser entregues pela família do noivo podem ser constituídos por cigarros, areca e folhas de bétel (bua-malus), vinho, um cabrito e uma determinada quantia em dinheiro. Em alguns casos, em troca destes presentes, a família da noiva deve oferecer um tais (vestuário tradicional) à família do homem.   

No dia do conhecimento, as famílias devem fixar uma agenda para que as partes se reúnam e falem sobre assunto de belis, ou o Barlaque propriamente dito – a segunda fase do Barlaque. No dia marcado, a família do homem leva alguns bens, como búfalos, cavalos, vacas, espadas, belaks (um medalhão timorense), pulseiras tradicionais, morteins (fios tradicionais) e a quantia em dinheiro que foi acordada. O número de animais e outros bens para o belis devem ser entregues em conformidade com o acordo estipulado no primeiro dia de conhecimento. Logo após se efetuar a entrega dos belis, a família da mulher oferece em troca outros bens, tais como: porco, tais, sacos de arroz e vinho. Com a entrega dos bens mencionados, o homem e a mulher em causa, tradicionalmente, tornam-se marido e mulher, unificando as famílias das duas partes. Neste momento, a família do noivo passa a denominar-se fetosan e a da noiva umane.          

Do ponto de vista jurídico, o Barlaque é uma das formas de casamento que existe em Timor-Leste e, numa perspectiva sociocultural, esta prática pode apresentar algumas vantagens para a vida da família, servindo como um meio de:
a)      Dignificar a mulher;
b)      Evitar o divórcio;
c)      Manter os laços familiares entre as famílias das partes.

No entanto, não podemos negar que esta prática pode ter alguns efeitos negativos tais como:
a)        Pode fazer prevalecer as práticas tradicionais em relação aos documentos dos registos e notariados, na medida em que a administração pública, nos seus atos administrativos, necessita de documentos autênticos, como por exemplo, a certidão de nascimento.
b)        Gera a desigualdade de tratamento no sistema de direito consuetudinário, já que as famílias que seguem a linha paterlineal têm de pagar/ entregar o belis, enquanto que as famílias que seguem a linha matrilinear deixam de dar importância à prática de Barlaque.
c)        No âmbito da convivência familiar, esta prática, em algumas situações, pode originar violência doméstica.

A prática de Barlaque, antigamente, era muito exigente. Por um lado, a família da mulher ou umane deveria entregar bens de alto valor ou dinheiro em maior quantidade; estes bens ou belis deviam ser entregues no exato momento em que as partes se encontravam. Por outro lado, à família do noivo também se exigia que fosse entregue a contraprestação equiparada aos valores que foram entregues pela família da noiva. Ora, nesta lógica, a prática de Barlaque, na idade dos nossos pais, era como um negócio de compra e venda. Este é um ponto negativo, com o qual as novas gerações entram em desacordo.   

Hoje em dia, a prática de Barlaque no seio da sociedade timorense não é uma tradição estranha. Esta prática continua a transmitir-se de geração em geração.

Na maior parte dos municípios, esta prática constitui uma situação pré-matrimonial obrigatória, apresentando contudo alguma flexibilidade na entrega dos belis. A flexibilização verifica-se na conversão de um determinado bem numa determinada quantia de dinheiro, que pode ser entregue em qualquer altura. Porém, notamos que, para certas famílias em alguns municípios, esta prática começa a deixar de ser obrigatória e, consequentemente, deixa de constituir um requisito pré-matrimonial.

Em suma, pensamos que a prática do Barlaque tem aspectos positivos, na medida em que pode valorizar a dignidade das mulheres do ponto de vista cultural timorense, servindo como meio para unificar as famílias de ambas as partes. A prática de Barlaque, neste sentido positivo, poderia ser mantida como uma das identidades culturais timorenses, sendo humanizada, valorizada e adaptada ao nosso tempo real.

Edia C. E. Monteiro.
Florindo da Silva
Hernanio M. C. Costa.
Paulo S. Martins.
Yazalde Rodrigues Pereira.    

Sem comentários:

Enviar um comentário

Muito obrigado

GENTE DE TIMOR (Obra Original do Paulo S. Martins)

Da ilha verde, da forma de crocodilo.
Da verdura montanhosa e da alma lutadora.
De um sangue humilhado mas não ser humilhada.


Da brisa da frescura e do aroma da verdura,
Do rio pedroso e das rasas espinhosas,
das cores arco-íris e das flores da natureza.


Ó gente de Timor...!
Das praias bonitas e das ondas manhosas,
das águas quentinhas e das bocas sorridentes.


Do coração da pomba e pele da cobra,
dos olhos da águia e pés dos crocodilos.
das mãos do campo dos pés do viagante.


Ó gente,
minha gente
gente de Timor...!
mostrai a boca e lavai os olhos,
treinai as asas e voai mais alto,
treinai os pés e chegai mais longe.


Uma Lisan Diurpu,

Uma Lisan Diurpu,
Uma lisan Diurpu, hanesan uma lisan eh Uma Knua eh Uma Lulik ka ho lian português "Casa Sagrada" timor nian ne'ebé mos sai hanesan Uma Lulik ne'ebé importante iha Knua Ria-ailau, Ainaro-Manutaci. Uma Lulik ne'e besik ba Ramelau hun. Uma ne'e agora nia gerasaun ladun barak, maibé komesa buras fali ona ba oin ho prezensa foin sa'e sira ne'ebé foin moris iha tinan 1990 mai leten. Agora dadaun Sr.António mak hola fatin eh substitui fali Sr. Augusto ne'ebé uluk nudar bali nain ba Uma Lulik ne'e nia fatin para bali uma ne'e. Uma Diurpu lokaliza iha Distritu Ainaro, Subdistritu Ainaro, Suco Manutaci no Aldeia IV. Nia fatin uluk besik malu ho uma Lisan Mantilu ne'ebé uluk iha Mupelotui no Maupelohata. Maibe agora sai ona mai iha buat mos ka fatin foun principalmente iha tempo katuas Augosto nian. Ita hare iha imagem ne'e, iha uma ne'e nia kotuk ida kalohan taka ne'e mak foho Ramelau ka Tatamailau. Hori uluk iha okupasaun Portuguesa no Ocupasaun Indonésia nian iha Timor, Uma Diurpu seidauk hetan Sunu ka amesa hosi Ahi. Tanba tuir história beiala sira nian, uma ida ne'e ahi nunka bela han, ka ahi la han. Tuir lian nain no katuas sira nebe hare ho matan, katak iha tempo kolonial português nian iha Timor, uma Mantilu nebe momentu neba hari besik kedan uma Diurpu (Uma tatis sei ba malu) ne'e ahi han tia iha kalan ida, nebe tuir lolos uma Diurpu ne'e mos ahi tenki han hotu, nia logika nune, tanba uma rua ne'e rabat malu kedan. Maibe katuas sira haktuir dehan, sa mak akontese iha momentu neba mak, manu makikit mean (manu lokmea ) ba tur iha uma Diurpu nia kakuluk ne'e i kuando ahi lakan ne'e baku ba uma Diurpu nia leten, manu makikit ne'e loke liras dala ida, ahi lakan baku fali ba parte seluk. Ho nune'e ahi han uma Mantilu ne'e to romata, maibe uma Diurpu ne'e ahi la han. I manu makikit ne'e tur iha uma ne'e nia kakuluk to ahi lakan hotu ka mate. Iha kolonial indonésia nian, ahi nunka han uma ne'e. Milisia sira tama to'o iha bairro neba i sunu uma Builiuh nebe iha kraik mai maibe la sunu uma Diurpu, milisia sira liu kona dalan ninin deit i neon la kona ka la hanoin at ba Uma ne'e. Além de ne'e, katuas assasinio ka oho dor no katuas seluk nebe ema iha suku laran konsidera katak lia-nain iha suko ne'e fo sasin katak uma Diurpu ne'e iha nia karakter da unika i ema ne'ebé hanoin a'at nunka bele hakat to'o uma ne'e nia sorin, tanba sei la hetan dalan atu tama ba uma ne'e. Iha tempo indonésia nian, iha momento nebé ami hotu sei kik, kuando kalan ka loron mak bapa sira atu tama ba ou falintil sira lao besik iha uma ne'e, ita iha uma laran hatene kedan ona tanba iha manu (ho froma manu fuik hanesan andorinha bot) ida nebe'e hanesan manu makikit kik ne'e semo haleu uma laran ne'e i fó alerta ba ita. Iha ne'e ita nebe toba iha uma laran sei la dukur tanba manu ne'e nia liras sempre baku ita no baku buat kroat nebe ita iha. Uma ne'e uluk iha Maupelohata hansa dehan tia ona. Sai fali mai iha nia fatin foun, hari'i desde 1976 no'o troka lolos iha 1998. Hafoin ta'a fali ai foun no prepara material foun pois hari'i fali iha 1998 to agora 2014. Nia kondisaun diak nafatin hansa ita hare iha retrato ne'e, nia varanda luan liu uluk nian. No Nia sempre nakloke ba ema hotu nebe hakarak ba visita Nia. By Paulo S. Martins (qno.tls@gmail.com)